Parece ser um sentimento transversal à idade este, de que algumas coisas, quando perdem a espontaneidade, perdem também a graça.
Quando vim viver para a Alta de Lisboa, costumava ver muitas vezes neste espaço - nessa altura um "terreiro" aberto - alguns senhores entretidos a jogar à malha. Fizeram-me lembrar o meu avô, que por acaso não jogava à malha, mas que me ensinou outros jogos de rua como o jogo do prego e a lançar o pião.
Algum tempo depois, este campo de jogo da malha foi dotado de "oficialidade": delimitou-se o espaço e colocou-se este cartaz a anunciar o seu propósito. E nunca mais vi lá alguém a jogar.
Tenho pena que não seja usado. Não é comum construirem-se campos de jogo da malha por aí. Por isso, apesar de não ter certeza sobre o destino pensado inicialmente, este parece-me ter sido um genuíno esforço de adaptação do projecto às pessoas,ao invés do habitual contrário. Um fruto da observação da utilização espontânea do espaço pelos moradores. E este tipo de iniciativa merecia ter mais sucesso.
Pode ser que eu esteja errada. Que seja o inverno a manter os jogadores em casa, ou eu é que não passo por lá às horas certas. Espero que seja isso.